quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Estudo XII - A EPÍSTOLA DE JOÃO PARA A SENHORA ELEITA


Por Pr. Alair Alcântara!!!



“Todo aquele que ultrapassa a doutrina de Cristo e nela não permanece não tem Deus; o que permanece na doutrina, esse tem tanto o Pai como o Filho” (2Jo 9).

Em muitos aspectos, a segunda epístola de João se assemelha à primeira. Embora seja menor, é usado o mesmo vocabulário, ocorrem os mesmos temas e prevalece a mesma preocupação pelos crentes. Um toque pessoal também é encontrado em ambas.
Porém, em contraste com a primeira epístola, a segunda é claramente traçada em forma de epístola, com introdução e conclusão formal. O corpo principal contém elogios, uma exortação ao amor e a andar de acordo com os mandamentos, e uma seção que trata dos anticristos. A brevidade de 2 João, como também 3 João, pode ter sido ditada pelo tamanho de uma folha de papiro. Se isso for verdade, o apóstolo deve ter pesado as palavras cuidadosamente conforme o Espírito Santo o movia a escrever.

Em amor e verdade

Uma leitura superficial de 2 João sugere que a epístola foi dirigida a um grupo de crentes (e não a uma única mulher). Isso faz muito sentido porque, em outros lugares do Novo Testamento, a igreja é retratada como uma mulher (Ef 5:22-32Ap 12:1-6). Esses crentes, portanto, são cristãos maduros, não filhos literais.

Que palavra é repetida várias vezes na introdução de 2 João 1-4?

Note, também, que João usa a palavra verdade em combinação com amor nos versos 1 e 4. A fim de entender a natureza do amor verdadeiro entre os cristãos, é necessário um qualificativo, a verdade. O amor pode ser interpretado sob um ponto de vista puramente emocional, até mesmo sensual e superficial. O amor cristão é “verdadeiro” amor, expresso no contexto da verdade.

Quando falamos sobre a verdade, somos lembrados de Deus; de Jesus, que é a verdade (Jo 14:6); e do Espírito Santo. Assim como o Espírito Santo está com os crentes para sempre também a verdade está com eles para sempre (2Jo 2). Em última instância, tanto a verdade como o amor apontam para Deus e se pertencem mutuamente na fé e na experiência cristã.

Ao mesmo tempo, verdade e amor parecem formar o tema principal de 2 João. O amor é mais discutido nos versos 5 e 6. A verdade é necessária para discernir os enganos e seus resultados (v. 7, 8) e para permanecer no ensino de Cristo (v. 9, 10).

Andando conforme os mandamentos

verso 4 é um encorajamento tanto para a igreja como para João. É estimulante e encorajador aos membros da igreja ouvir que o presbítero se regozija muito que eles “andem na verdade”. Isso os motiva a continuar a vida cristã “na verdade, de acordo com o mandamento que recebemos da parte do Pai”. O mandamento de andar na verdade pode ser encontrado em 1 João 3:23, onde ele nos chama a crer em Jesus e amar uns aos outros.

Depois da alegria (v. 4) vem um pedido que é ao mesmo tempo uma exortação (v. 5, 6). João fala novamente de um mandamento (v. 5). Esse é o mandamento (singular) de amar uns aos outros. Então, ele parte do conceito de “mandamento” para o conceito de “amor” e, realmente, esse mandamento tem o amor como seu conteúdo.
No verso 6, ele continua de modo inverso; isto é, ele parte do amor para os mandamentos (plural). O amor se mostra na guarda dos mandamentos de Deus. Em outras palavras, temos este mandamento que é amar uns aos outros, e revelamos esse amor guardando os mandamentos.

Como a guarda dos mandamentos (Êxodo 20:1-17) revela o amor de uns para com os outros?

É interessante que algo como a guarda da lei, as regras, e detalhes das normas esteja ligado tão intimamente com o amor. Mas é perfeitamente lógico. O amor não é só o que sentimos; também é o que fazemos, é como agimos; é como nos relacionamos com os outros. Entretanto, muito mais do que guardar os Dez Mandamentos, apenas, o amor verdadeiro não pode ser separado dos princípios encontrados neles.

Ultrapassando a doutrina de Cristo

Qual é a advertência de João a respeito dos enganadores? Quais são as consequências de seguir falsas doutrinas? 2Jo 7-9

Nos versos 7-9, voltamos aos enganadores e sua falsa compreensão de Jesus. Parece ser a mesma situação que já encontramos em 1 João. É muito triste quando alguém deixa a igreja e se torna um dos “enganadores”. É verdade, muitos ainda permanecem na verdade (v. 4), mas um pastor lamenta por todos os que abandonam Deus e Sua igreja.
Os ensinos dos anticristos a respeito de Jesus eram diferentes dos ensinos dos apóstolos. Os membros da igreja precisam tomar cuidado a fim de não ser afetados por eles e seus falsos ensinos. Neste texto, João é muito claro, também, afirmando que os crentes podem se extraviar, e que não existe essa realidade de “uma vez salvo, salvo para sempre”.

João não se ilude imaginando que a doutrina não tem importância. Para ele, os falsos ensinos podem levar à perda da vida eterna. Assim, a doutrina é importante!

Negligenciando a hospitalidade?

A Bíblia dá grande valor à hospitalidade (Hb 13:21Pe 4:9). Jesus Se misturava com coletores de impostos, fariseus e outros que talvez nem sempre tivessem uma teologia ou um estilo de vida corretos.

Embora a hospitalidade seja uma virtude cristã, existem limitações. Se a hospitalidade pode levar a apoiar direta ou indiretamente falsas doutrinas, deve ser abandonada. No primeiro século d.C., os mestres perambulavam de igreja em igreja, pregando em vários lugares e se hospedando com membros da igreja que deveriam lhes fornecer alimento e alojamento.

Se esses mestres propagavam doutrinas falsas, a hospitalidade era entendida como um apoio à sua posição e ajudavam realmente seu trabalho. Além disso, os membros da igreja que estavam vacilando entre o ensino apostólico e as ideias falsas podiam ficar confusos ou até mesmo tomar uma decisão errada se vissem um membro preeminente da igreja permitindo que um enganador ficasse em seu lar.
João não está propondo odiar essas pessoas nem evitar qualquer contato com eles, mas devemos estar cientes do fato de que nosso comportamento pode ser entendido como endosso a ideias contrárias à verdade. Se for esse o caso, devemos ser muito cuidadosos.

Tem sido sugerido que, nos versos 10 e 11, João estava preocupado não tanto com o comportamento individual dos crentes como com o da igreja toda, e que a “casa” mencionada no verso 10 não é um lugar de habitação particular mas o lugar em que a igreja se reúne para adoração. A igreja não deve encorajar um mestre que prega heresia.

Em resumo, a recepção a um falso mestre seria percebida como encorajamento ao que ele ou ela apresenta. Hoje, podemos ter perdido o senso de quão problemáticas as heresias podem ser. Alguns consideram que até mesmo falar sobre “heresia” é crítico ou arrogante, embora as Escrituras falem com frequência sobre esse assunto. João nos lembra que existe uma diferença básica entre a verdade e o erro.

Comunicação pessoal

Com os versos 12 e 13, chegamos ao fim de 2 João. Esses versos formam a conclusão da epístola e nos permitem ver o interesse pessoal de João em seu público e seu desejo de encontrar esses crentes pessoalmente.

A mensagem que João comunica é forte. No que se refere aos anticristos, João não deixa espaço para negociação nem meio-termo. Somos lembrados da atitude de Paulo quando escreveu aos Gálatas (Gl 1:6-9).

João pode ter compartilhado sua mensagem oralmente, mas também existem vantagens para uma forma escrita de comunicação:
  • As epístolas dos apóstolos eram consideradas de especial importância e autoridade e eram levadas a sério.
  • A epístola pode ter alcançado o público antes que fosse possível uma visita pessoal. A urgência da situação exigia uma resposta rápida.
  • A mensagem foi preservada para outras igrejas e gerações posteriores que se achavam em situações semelhantes. Realmente, João pediu que a epístola fosse compartilhada com outras igrejas (v. 13).
  • Uma epístola pode ser esboçada muito cuidadosamente e frequentemente pode ser mais precisa que uma apresentação oral.
  • O Espírito Santo o impeliu a registrar sua mensagem por escrito.
  •  
Apesar de tudo isso, João ainda queria encontrá-los pessoalmente.

 “O apóstolo [João] ensina que, conquanto devamos manifestar cortesia cristã, estamos autorizados a chamar o pecado e os pecadores por seu verdadeiro nome – que isto é coerente com o verdadeiro amor. Conquanto tenhamos de amar as pessoas por quem Cristo morreu e trabalhar por sua salvação, não devemos condescender com o pecado. Não nos unamos com os rebeldes chamando a isso amor. Deus exige de Seu povo atual que permaneça, como o fez João em seu tempo, inflexivelmente pelo direito, em oposição aos erros destruidores das pessoas” ( Santificação, p. 65).

“A maior necessidade do mundo é a de homens – homens que se não comprem nem se vendam; homens que no íntimo do ser sejam verdadeiros e honestos; homens que não temam chamar o pecado pelo seu nome exato; homens, cuja consciência seja tão fiel ao dever como a bússola o é ao polo; homens que permaneçam firmes pelo que é reto, ainda que caiam os céus” ( Educação, p. 57).

Postado Por Pr. Alair Alcântara

Sem Fronteiras

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