segunda-feira, 30 de maio de 2011

LIÇÃO 10-ASSEMBLÉIA DE DEUS 100 ANOS DE PENTECOSTES


Veja LIÇÃO 10-ASSEMBLÉIA DE DEUS 100 ANOS DE PENTECOSTEIMAGENS


INTRODUÇÃO

No início do século XX, apesar da presença de imigrantes alemães e suíços de origem protestante e do valoroso trabalho de missionários de igrejas evangélicas tradicionais, nosso país era ainda quase que totalmente católico.
A origem das Assembléias de Deus no Brasil está no fogo do reavivamento que varreu o mundo por volta de 1900, início do século 20, especialmente na América do Norte.
Os participantes desse reavivamento foram cheios do Espírito Santo da mesma forma que os discípulos e os seguidores de Jesus durante a Festa Judaica do Pentecostes, no início da Igreja Primitiva (Atos cap. 2). Assim, eles foram chamados de "pentecostais".

1-O CHAMADO MISSIONÁRIO DOS PIONEIROS

DANIEL BERG
DANIEL HOGBERG, conhecido no Brasil como Daniel Berg, nasceu em 19 de abril de 1884, na pequena cidade de Vargon, na Suécia, ás margens do lago de Vernern. Quando recém-nascido, o padre da cidade visitou inúmeras vezes a casa de seus pais para convence-los a batizá-lo, mas nada conseguiu. Por isso, desde criança, Daniel era mal visto pelo padre, que, desprestigiado, passou a dizer que a criança que não fosse batizada por ele jamais sairia de Vargon. “já naquele tempo pude observar a desvantagem e o perigo de um povo ter uma fé dirigida, sem liberdade. Religião que dominava minha cidadezinha e a redores impossibilitava as almas de terem um encontro com Deus” , conta o pioneiro em suas memórias.
Quando o evangelho começou a entrar nos lares de Vargon, seus pais, Gustav Vernern Hogberg e Fredrika Hogberg, o receberam e engessaram na igreja Batista. Logo procuraram educar o filho segundo os princípios cristãos. Em 1899, Daniel converteu-se e foi batizado nas águas.
Em 1902, aos 18 anos, pouco antes do início da primara nórdica, deixou seu país. Embarcou a 5 de março de 1902, no porto báltico de Gothemburgo, no navio M. S. Romeu, com destino aos Estados Unidos. “Como tantos outros haviam feito antes de mim”, frisava. O motivo a grande depressão financeira que dominava a Suécia naquele ano.
Em 25 de março de1902, Daniel desembarcou em Boston. No Novo Mundo, sonhava, como tantos outros de sua época em realizar-se profissionalmente. Mas Deus tinha um plano diferente e especial para sua vida.
De Boston, viajou para Providence, Rhode Island, para se encontrar com amigos suecos, que lhes conseguiram um emprego numa fazenda. Permaneceu nos Estados Unidos por sete anos, onde se especializou como fundidor. Com saudades do lar, retornou à cidade natal, onde o tempo parecia parado. Nada havia se modificado, Só seu melhor amigo, companheiro de infância, não morava mais ali. “vive em uma cidade próxima, onde prega o evangelho”, explicou sua mãe.
Logo chegou ao seu conhecimento que seu amigo recebera o batismo no Espírito Santo, coisa nova para sua família. A mãe do amigo insistiu para que Daniel o visitasse. Aceitou o convite. No caminho, estudou as passagens bíblicas onde se baseava a “nova doutrina”. Chegando à igreja do amigo, encontrou-o pregando. Sentou e prestou atenção na mensagem. Após o culto conversaram longamente sobre a nova doutrina. Daniel demonstrou ser favorável. Em seguida, despediu-se e partiu, sua intenção não era permanente na Suécia, mas retornar à América, do Norte.
Em 1909, após despedir-se dos pais, em meio à viagem de retorno aos Estados Unidos, Daniel orou com insistência a Deus, pedindo o batismo no Espírito Santo. Como não estava preocupado como da primeira vez, posto que já conhecia os EUA, canalizou toda sua atenção à sua busca da benção. Ao aproximar-se das plagas norte-americanas, sua oração foi respondida.
A partir de então, sua vida mudou. Daniel passou a pregar mais a Palavra de Deus e a contar testemunho a todos.

GUNNAR VINGREN
Nasceu no dia 8 de agosto de 1897, na cidade de Ostra Husby, Suécia. Seu pai era jardineiro, profissão que Vingren seguiu até os 19 anos. Foi criado num genuíno lar cristão. Logo aos 18 anos tornou-se sucessor de seu pai na Escola Dominical; naquele mesmo ano, o Senhor falou claro ao seu coração de que ele seria um missionário.
Seu Preparo
Em 1898, Vingren teve oportunidade de participar de uma Escola Bíblica; ao final daquele mês de estudos, começou já o trabalho missionário no interior de seu país. Em 1903, viajou para os Estados Unidos, e logo ingressou num Seminário Teológico Batista em Chicago. Em 1909, Deus o encheu de uma grande sede de buscar o batismo no Espírito Santo o que não tardou a receber. Ao pregar esta verdade à igreja que pastoreava, começaram os problemas; a igreja se dividiu entre os que criam e os que não criam em sua pregação. Dirigiu-se, então, para South Bend, Indiana, onde a igreja recebeu com gozo as Boas Novas e se tornou uma igreja pentecostal com 20 batizados no Espírito Santo no primeiro verão.

O ENCONTRO
“[...] Pouco tempo depois de Gunnar Vingren participar de uma convenção de igrejas batistas em Chicago, essas igrejas que aceitavam o Movimento Pentecostal, ele conheceu outro jovem sueco que se chamava Daniel Berg. Esse jovem também fora batizado com o Espírito Santo.
Após uma ampla troca de informações, experiências e idéias, Daniel Berg e Gunnar Vingren descobriram que Deus os estavam guiando numa mesma direção, isto é, o Senhor desejava enviá-los com a mensagem do Evangelho à terras distantes, mas nenhum dos dois sabia exatamente para onde seriam enviados.
Algum tempo depois, Daniel Berg foi visitar o pastor Vingren em South Bend, Indiana (EUA). Durante aquela visita, quando participavam de uma reunião de oração, o Senhor lhes falou através de uma mensagem profética que eles deveriam partir para pregar o Evangelho e as bênçãos do Avivamento Pentecostal. O lugar tinha sido mencionado na profecia: Pará. Nenhum dos presentes conhecia aquela localidade. Após a oração, os dois jovens foram a uma biblioteca à procura de um mapa que lhes indicasse onde o Pará estava localizado. Foi quando descobriram que se tratava de um estado do norte do Brasil”

2-A FUNDAÇÃO DA ASSEMBLÉIA DE DEUS NO BRASIL 

VIAGEM
Gunnar Vingren e Daniel Berg despediram-se da igreja e dos irmãos em Chicago. A igreja levantou uma coleta para auxiliar os missionários que partiam. A quantia que lhes foi entregue só deu para a compra de duas passagens até nova Iorque. Quando lá chegassem, eles não saberiam como conseguir dinheiro para comprar mais duas passagens até o Pará. Porém, esse detalhe não os abalou em nada, nem os deteve em chicago à espera de mais recursos. Tinham convicção de que haviam sido convocados por Deus. Portanto, era da total responsabilidade de Deus fazer com que os recursos materiais inexistentes necessários à viagem surgissem.
Chegaram à grande metrópole, Nova Iorque, sem conhecer ninguém, e sem dinheiro para continuar a viagem. Os dois missionários caminhavam por uma das ruas da cidade, quando encontraram um negociante que conhecia o jovem Gunnar. Na noite anterior, enquanto em oração, aquele negociante sentira que devia certa quantia ao irmão Vingren. Pela manhã, aquele homem colocou a referida importância em um envelope para mandá-la pelo correio, mas enquanto estava caminhando para executar aquela tarefa, viu os dois enviados do Senhor surgirem à sua frente. Surpreso ao ver a maneira especial como Deus trabalhava, o comerciante contou-lhes sua experiência e entregou-lhe o envelope.Quando o irmão Vingren abriu o envelope, encontrou dentro dele 90 dólares - exatamente o preço de duas passagens até o Pará.
Assim, no dia 5 de novembro de 1910, os missionários Daniel Berg e Gunnar Vingren deixaram Nova Iorque abordo do navio "CleMent" com destino à Belém do Pará. No início do século XX, apesar da presença de imigrantes alemães e suíços de origem protestante e do valoroso trabalho de missionários de igrejas evangélicas tradicionais, nosso país era quase que totalmente católico.

CHEGADA
No dia 19 de novembro de 1910, em um dia de sol causticante, os dois missionário desembarcaram em Belém. Quando Daniel Berg e Gunnar Vingren chegaram a Belém, ninguém poderia imaginar que aqueles dois jovens suecos estavam para iniciar um movimento que alteraria profundamente o perfil religioso e até social do Brasil.
Não possuíam eles amigos ou conhecidos na cidade de Belém. Não traziam endereço de alguém que os acolhessem ou orientasse. Carregando suas malas, enveredaram por uma rua. Ao alcançarem uma praça, sentaram-se em um banco para descansar; e aí fizeram a primeira oração em terras brasileiras. Seguindo a indicação de alguns passageiros com os quais viajaram, os missionários Gunnar Vingren e Daniel Berg hospedaram-se num modesto hotel, cuja diária completa era de oito mil réis. Em uma das mesas do hotel, o irmão Vingren encontrou um jornal que tinha o endereço do pastor metodista Justus Nelson. No dia seguinte, foram procurá-lo, e contaram-lhe como Deus os tinha enviado como missionários para aquela cidade. Como Daniel Berg e Gunnar Vingren estivessem até aquele momento ligados à Igreja Batista na América (as igrejas que aceitavam o avivamento permaneciam com o mesmo nome), Justus Nelson os acompanhou à Igreja Batista, em Belém, e os apresentou ao responsável pelo trabalho, pastor Raimundo Nobre. E, assim, os missionários passaram a morar nas dependências da igreja. Alguns dias depois, Adriano Nobre, que pertencia à igreja presbiteriana e morava nas ilhas, foi a Belém em visita ao primo Raimundo Nobre. Este apresentou os missionários a Adriano, que imediatamente mostrou-se interessado em ajudá-los a aprender falar o português.
Passado um determinado tempo eles já podiam falar português. Vingren continuou a estudar a língua, enquanto Daniel trabalhava como fundidor. Passado algum tempo, Berg começou a dedicar-se ao trabalho de colportogem.

NASCE A ASSEMBLÉIA DE DEUS
Os jovens missionários tinham o coração avivado pelo Espírito Santo, e oravam de dia e de noite. Oravam sem cessar. Esse fato chamou a atenção de alguns membros da igreja, que passaram a censurá-los, considerando-os fanáticos por dedicarem tanto tempo à oração. Mas isso não os abalou. Com desenvoltura e eloqüência, continuaram a pregar a salvação em Cristo Jesus e o batismo com o Espírito Santo, sempre alicerçados na Escrituras. Todavia, como resultado daquelas orações, alguns membros daquela Igreja Batista creram nas verdades do Evangelho completo que os missionários anunciavam. Os primeiros a declararem publicamente sua crença nas promessas divinas foram as irmãs Celina Albuquerque e Maria Nazaré. Elas não somente creram, mas resolveram permanecer em oração até que Deus as batizasse com Espírito Santo conforme o que está registrado em Atos 2.39.
Numa quinta-feira, uma hora da manhã de dois de junho de 1911, na Rua Siqueira Mendes, 67, na cidade de Belém, Celina de Albuquerque, enquanto orava, foi batizada com o Espírito Santo. Após o batismo daquela irmã começaria a luta acirrada. Na Igreja Batista alguns creram, porém outros não se predispuseram sequer a compreender a doutrina do Espírito Santo. Portanto, dois partidos estavam criados.
Devido a este movimento pentecostal, Daniel Berg e Gunnar Vingren e mais 17 simpatizantes foram expulsos daquela Igreja Batista, no dia 13 de junho de 1911. Na mesma noite da expulsão, ao chegarem a casa da irmã Celina, na Rua Siqueira Mendes, 67, os irmãos resolveram passar a se congregar ali, o que normalmente foi feito pelo espaço de mais ou menos três meses, com cultos dirigidos pelo missionário Vingren e pelo irmão Plácido. Daniel Berg pouco falava por ainda estar atrasado no aprendizado da língua.
Assim surgiu a necessidade de que o trabalho fosse organizado como igreja, o que se deu a 18 de junho de 1911, quando por deliberação unânime, foi fundada a Assembléia de Deus no Brasil, tendo em Daniel Berg e Gunnar Vingren os primeiros orientadores.
O termo Assembléia de Deus dado a denominação não tem uma origem definida entre nós, entretanto sugere-se estar ligado as Igrejas que na América do Norte professam a mesma doutrina e recebem a designação de Assembléia de Deus ou Igreja Pentecostal. Sobre a questão, é aceitável o seguinte testemunho do irmão Manoel Rodrigues: "Estou perfeitamente lembrado da primeira vez que se tocou neste assunto. Tínhamos saído de um culto na Vila Coroa. Estávamos na parada do bonde Bemal do Couto, canto com a Santa Casa de Misericórdia. O irmão Vingren perguntou-nos que nome deveria dar-se a Igreja, explicando que na América do Norte usavam o termo Assembléia de Deus ou Igreja Pentecostal. Todos os presentes concordaram em que deveria ser Assembléia de Deus.
Em 11 de Janeiro de 1968 a denominação foi registrada oficialmente como pessoa jurídica. Com o nome de Assembléia de Deus.

3-DO NORTE PARA TODO BRASIL

A fundação da Assembléia de Deus repercutia profundamente entre as várias denominações. O medo que a Assembléia de Deus viesse a absorver as demais denominações fez com que estas se unissem para combater o movimento Pentecostal.
No ano de 1911, em Belém, alguns dispuseram-se a combater o Movimento Pentecostal em seu nascedouro. Para alcançarem esse intento, não escolhiam os meios: calúnia, intriga, delação e até agressão física. Tudo era válido. Chegaram, inclusive, a levar aos jornais a denúncia de que os pentecostais eram uma seita perigosa, tendo com prática o exorcismo. Enfim, alarmaram a população. A matéria no jornal A Folha do Norte, todavia, acabou por atrair numerosas pessoas para os cultos da nova igreja. Não poderia haver propaganda melhor.
Em poucas décadas, a Assembléia de Deus, a partir de Belém do Pará, onde nasceu, começou a penetrar em todas as vilas e cidades até alcançar os grandes centros urbanos como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre. As Assembléia de Deus se expandiram pelo Estado do Pará, alcançaram o Amazonas, propagaram-se para o Nordeste, principalmente entre as camadas mais pobres da população. Chegaram ao Sudeste pelos idos de 1922, através de famílias de retirantes do Pará, que se portavam como instrumentos voluntários para estabelecer a nova denominação aonde quer que chegassem. Nesse ano, a igreja teve início no Rio de Janeiro, no bairro de São Cristóvão, e ganhou impulso com a transferência de Gunnar Vingren, de Belém, PA, em 1924, para a então capital da República. Um fato que marcou a igreja naquele período foi a conversão de Paulo Leivas Macalão, filho de um general, através de um folheto evangelístico. Foi ele o precursor do assim conhecido Ministério de Madureira.A influência sueca teve forte peso no início da formação assembleiana brasileira, em razão da nacionalidade de seus fundadores, e graças à igreja pentecostal escandinava, principalmente a Igreja Filadélfia de Estocolmo, que, além de ter assumido nos anos seguintes o sustento de Gunnar Vingren e Daniel Berg, enviou outros missionários para dar suporte aos novos membros em seu papel de fazer crescer a nova Igreja. Desde 1930, quando se realizou a primeira Convenção Geral dos pastores na cidade de Natal, RN, as Assembléias de Deus no Brasil passaram a ter autonomia interna, sendo administrada exclusivamente pelos pastores residentes no Brasil, sem contudo perder os vínculos fraternais com a igreja na Suécia. A partir de 1936 a igreja passou a ter maior colaboração das Assembléias de Deus dos EUA através dos missionários enviados ao país, os quais se envolveram de forma mais direta com a estruturação teológica da denominação.Em virtude de seu fenomenal crescimento, os pentecostais começaram a fazer diferença no cenário religioso brasileiro. De repente, o clero católico despertou para uma possibilidade jamais imaginada: o Brasil poderia vir a tornar-se, no futuro, uma nação protestante. Tal possibilidade se tornou ainda mais real com a divulgação entre o final de 2006 e início de 2007 por um instituto de pesquisa de que, com vinte milhões de fiéis, o Brasil é o maior país pentecostal do mundo.

BIBLIOGRAFIA

CPAD, Wikipedia e Dicionário do Movimento Pentecostal
Pb.Cleiton José
EBDistas.blogspot.com


Postado Por Dc. Alair Alcântara



Sem Fronteiras

LIÇÃO 10-ASSEMBLÉIA DE DEUS 100 ANOS DE PENTECOSTES

História das Assembleias de Deus no Brasil - Resumo









































Fonte: CPAD
Material cedido em cd aos pastores que participaram
da 40ª AGO em Cuiabá, MT.


Pb.Cleiton José

EBDistas.blogspot.com


Postado Por Dc. Alair Alcântara


Sem Fronteiras

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Pastor Ricardo Gondim afirma ser a favor da união civil gay: “Nem todas as relações homossexuais são promíscuas”



‘Deus nos livre de um Brasil evangélico?’ Quem afirma é um pastor, o cearense Ricardo Gondim. Segundo ele, o movimento neopentecostal se expande com um projeto de poder e imposição de valores, mas em seu crescimento estão as raízes da própria decadência.

Os evangélicos, diz Gondim, absorvem cada vez mais elementos do perfil religioso típico dos brasileiros, embora tendam a recrudescer em questões como o aborto e os direitos homossexuais.

Aos 57 anos, pastor há 34, Gondim é líder da Igreja Betesda e mestre em teologia pela Universidade Metodista. E tornou-se um dos mais populares críticos do mainstream evangélico, o que o transformou em alvo. “Sou o herege da vez”, diz na entrevista a seguir.

Carta Capital: Os evangélicos tiveram papel importante nas últimas eleições. O Brasil está se tornando um país mais influenciável pelo discurso desse movimento?
RG: Sim, mesmo porque, é notório o crescimento no número de evangélicos. Mas é importante fazer uma ponderação qualitativa. Quanto mais cresce, mais o movimento evangélico também se deixa influenciar. O rigor doutrinário e os valores típicos dos pequenos grupos de dispersam, e os evangélicos ficam mais próximos do perfil religioso típico do brasileiro.

CC: Como o senhor define esse perfil?
RG: Extremamente eclético e ecumênico. Pela primeira vez, temos evangélicos que pertencem também a comunidades católicas ou espíritas. Já se fala em um “evangelicalismo popular”, nos modelos do catolicismo popular, e em evangélicos não praticantes, o que não existia até pouco tempo atrás. O movimento cresce, mas perde força. E por isso tem de eleger alguns temas que lhe assegurem uma identidade. Nos Estados Unidos, a igreja se apega a três assuntos: aborto, homossexualidade e a influência islâmica no mundo. No Brasil, não é diferente. Existe um conservadorismo extremo nessas áreas, mas um relaxamento em outras. Há aberrações éticas enormes.

O senhor escreveu um artigo intitulado “Deus nos Livre de um Brasil Evangélico”. Por que um pastor evangélico afirma isso?
Porque esse projeto impõe não só a espiritualidade, mas toda a cultura, estética e cosmovisão do mundo evangélico, o que não é de nenhum modo desejável. Seria a talebanização do Brasil. Precisamos da diversidade cultural e religiosa. O movimento evangélico se expande com a proposta de ser a maioria, para poder cada vez mais definir o rumo das eleições e, quem sabe, escolher o presidente da República. Isso fica muito claro no projeto da igreja Universal. O objetivo de ter o pastor no Congresso, nas instâncias de poder, pode facilitar a expansão da igreja. E, nesse sentido, o movimento é maquiavélico. Se é para salvar o Brasil da perdição, os fins justificam os meios.

O movimento americano é a grande inspiração para os evangélicos no Brasil?
O movimento brasileiro é filho direto do fundamentalismo norte-americano. Os Estados Unidos exportam seu american way of life de várias maneiras, e a igreja evangélica é uma das principais. As lideranças daqui leem basicamente os autores norte-americanos e neles buscam toda a sua espiritualidade, teologia e normatização comportamental. A igreja americana é pragmática, gerencial, o que é muito próprio daquela cultura. Funciona como uma agência prestadora de serviços religiosos. de cura, libertação, prosperidade financeira. Em um país como o Brasil, onde quase todos nascem católicos, a igreja evangélica precisa ser extremamente ágil, pragmática e oferecer resultados para se impor. É uma lógica individualista e antiética. Um ensino muito comum nas igrejas é de que Deus abre portas de emprego para os fiéis.

Eu ensino minha comunidade a se desvincular dessa linguagem. Nós nos revoltamos quando ouvimos que algum político abriu uma porta para o apadrinhado. Por que seria diferente com Deus?
O senhor afirma que a igreja evangélica brasileira está em decadência, mas o movimento continua a crescer.
Uma igreja que, para se sustentar, precisa de campanhas cada vez mais mirabolantes, um discurso cada vez mais histriônico e promessas cada vez mais absurdas está em decadência. Se para ter a sua adesão eu preciso apelar a valores cada vez mais primitivos e sensoriais e produzir o medo do mundo mágico, transcendental, então a minha mensagem está fragilizada.

Pode-se dizer o mesmo do movimento norte-americano?
Muitos dizem que sim, apesar dos números. Há um entusiasmo crescente dos mesmos, mas uma rejeição cada vez maior dos que estão de fora. Hoje, nos Estados Unidos, uma pessoa que não tenha sido criada no meio e que tenha um mínimo de senso crítico nunca vai se aproximar dessa igreja, associada ao Bush, à intolerância em todos os sentidos, ao Tea Party, à guerra.

O senhor é a favor da união civil entre homossexuais?
Sou a favor. O Brasil é uni país laico. Minhas convicções de fé não podem influenciar, tampouco atropelar o direito de outros. Temos de respeitar as necessidades e aspirações que surgem a partir de outra realidade social. A comunidade gay aspira por relacionamentos juridicamente estáveis. A nação tem de considerar essa demanda. E a igreja deve entender que nem todas as relações homossexuais são promíscuas. Tenho minhas posições contra a promiscuidade, que considero ruim para as relações humanas, mas isso não tem uma relação estreita com a homossexualidade ou heterossexualidade.

O senhor enfrenta muita oposição de seus pares?
Muita! Fui eleito o herege da vez. Entre outras coisas, porque advogo a tese de que a teologia de um Deus títere, controlador da história, não cabe mais. Pode ter cabido na era medieval, mas não hoje. O Deus em que creio não controla, mas ama. É incompatível a existência de um Deus controlador com a liberdade humana. Se Deus é bom e onipotente, e coisas ruins acontecem., então há algo errado com esse pressuposto. Minha resposta é que Deus não está no controle. A favela, o córrego poluído, a tragédia, a guerra, não têm nada a ver com Deus. Concordo muito com Simone Weil, uma judia convertida ao catolicismo durante a Segunda Guerra Mundial, quando diz que o mundo só é possível pela ausência de Deus. Vivemos como se Deus não existisse, porque só assim nos tornamos cidadãos responsáveis, nos humanizamos, lutamos pela vida, pelo bem. A visão de Deus como um pai todo-poderoso, que vai me proteger, poupar, socorrer e abrir portas é infantilizadora da vida.

Mas os movimentos cristãos foram sempre na direção oposta.
Não necessariamente. Para alguns autores, a decadência do protestantismo na Europa não é, verdadeiramente, uma decadência, mas o cumprimento de seus objetivos: igrejas vazias e cidadãos cada vez mais cidadãos, mais preocupados com a questão dos direitos humanos, do bom trato da vida e do meio ambiente.


Fonte: Carta Capital


Postado Por Dc. Alair Alcântara


Sem Fronteiras

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