sexta-feira, 29 de abril de 2011

Estudo I - O Propósito do Evangelho de João






 
"Disse-lhe Jesus: Porque Me viste, creste? Bem-aventurados os que não viram e creram" (João 20:29). 

O Evangelho de João nos diz que a ausência de contato físico com Jesus não é desvantagem para os que buscam relacionar-se com Ele hoje. A palavra de Jesus é tão poderosa quanto Seu toque.  

    Alguma vez você já desejou ter conhecido Jesus em carne, como os discípulos? Você já desejou que Ele vivesse em sua casa? Não seria ótimo levar seus problemas diretamente a Ele?  

    Mas não temos este privilégio. Ainda assim, as boas-novas são que o Evangelho de João nos assegura que não precisamos desse contato físico com Jesus para ter amizade com Ele. Não precisamos do contato físico para obter todas as bênçãos que Ele está disposto a dar e é capaz de fazê-lo. João até nos lembra que Jesus disse aos discípulos: "Convém-vos que Eu vá" (João 16:7). Pela presença do Espírito, a obra de Jesus é intensificada por Sua ausência (João 14:12). 
Além dos quatro evangelhos, houve outros relatos, talvez até por escrito, que contaram a vida de Cristo? Luc. 1:1

Leia sobre o processo pelo qual o Evangelho de Lucas (e presumivelmente também o de João) veio à existência. Luc. 1:2,3.  

Pelo que Lucas nos diz, "muitas" pessoas já haviam empreendido contar a história de Cristo. As histórias sobre Jesus e Suas declarações foram lembradas e passadas a outras gerações por "testemunhas oculares e ministros da palavra"  A palavra traduzida como "ministros" parece ter sido um termo técnico no mundo antigo para memorizadores profissionais que registravam as declarações significativas em sua mente para uso futuro. Não deveria nos surpreender que essas pessoas poderiam ter sido escolhidas especialmente para memorizar os sermões, as parábolas e os atos de Jesus, a fim de repetir de memória o que o Senhor havia dito e feito. 

 As histórias e declarações de Jesus ainda eram passadas oralmente muitos anos depois da ascensão ao Céu. Lucas, inspirado pelo Espírito Santo, aparentemente conversou com testemunhas oculares e os que memorizaram as declarações e histórias de Jesus. Guiado pelo Espírito, ele então selecionou as declarações e histórias que o habilitaram a escrever "uma exposição em ordem". O resultado final foi o Evangelho de Lucas, como o conhecemos hoje. 

 O que se pode dizer sobre as limitações de todos os Evangelhos? João 21:25.  

 O que João diz é que a maior parte da história de Jesus teve que ser deixada de lado no seu Evangelho. Cada um dos quatro Evangelhos oferece seleções das declarações e atos de Jesus que se ajustam ao propósito daquele escritor em particular. "Raramente verão duas pessoas e exprimirão a verdade da mesma maneira. Cada uma se deterá em pontos particulares que sua constituição e educação a habilitaram a apreciar." – (Mensagens Escolhidas, vol. 1, pág. 22). 
  
   Com que objetivos João disse que selecionou o que escreveu sobre a vida de Jesus?  João 20:30-31.  

O ministério de Jesus, desde o batismo até a ascensão, cobriu cerca de três anos e meio (1.260 dias!). De tudo o que Jesus disse e fez durante esse tempo, João registrou incidentes que aconteceram em um total de apenas 29 dias. E, na maioria, mesmo esses relatos cobrem uma pequena fração do que Jesus pode ter dito e feito nesses dias. Mais de 97 por cento do ministério de Jesus foi omitido no Evangelho de João. Guiado pelo Espírito Santo, João teve que escolher o necessário para alcançar seu propósito declarado: levar-nos a crer a fim de termos a vida eterna. 

 Note para quem João escreveu seu Evangelho. Foi para você (vós, no original). João escreveu para que você creia e que você tenha vida. Com a palavra você, ele tinha claramente seus leitores em mente. Mas que leitores? Todos? Ou havia um enfoque especial para este grupo "vós"? 

 Que história fornece a introdução para a declaração de propósito de João? João 20:24-28

  Tomé sentia claramente que sua fé dependia de uma experiência prática com um Jesus físico. Se visse Jesus, ele não tinha nenhum problema em crer. Em João 20:24-31, Tomé representa todos os discípulos, a primeira geração, os que viram e lidaram com Jesus. 

A declaração de Jesus no verso 29, por outro lado, indica que existe uma bênção especial para os que crêem sem ver. Evidentemente, ver e tocar não são fundamentais para o desenvolvimento da fé; na verdade, podem até dificultar esse desenvolvimento. O verso 29 traz uma bênção sobre as gerações posteriores que não tiveram contato prático com Jesus e ainda creram, mesmo assim. Nós fazemos parte dessas gerações posteriores, pois não temos contato físico com Jesus nem com qualquer pessoa que O conheceu em carne. 

  De acordo com João 21, Jesus empregou uma seqüência de três perguntas e respostas para restaurar Pedro depois das três negações no pátio do sumo sacerdote, pouco tempo antes (João 21:15-19). Pedro não apenas precisava recuperar-se do senso de culpa e fracasso por ter negado a Jesus, mas esse confronto provavelmente também lhe deu a oportunidade de recuperar a confiança de seus colegas discípulos. Mais tarde, quando Jesus e Pedro estavam caminhando pela praia, aconteceu um incidente que poderia ter provocado grande impacto em João. 

  Quem Pedro percebeu que estava seguindo a Jesus junto à praia? João 21:20,24. Veja também João 13:23-25

   O que Pedro perguntou a Jesus sobre João? João 21:21.  

    Jesus acabara de explicar a Pedro as circunstâncias em que se daria a Sua morte. Pedro estava curioso se sua experiência seria semelhante à do discípulo amado, que escreveu o Evangelho de João (v. 24). Jesus fugiu da pergunta com uma mensagem cifrada: "Se Eu prefiro que ele permaneça vivo até que Eu venha, o que você tem a ver com isso?". 

    O comentário cifrado de Jesus foi mal compreendido nos anos que se seguiram. O povo ficou crendo que o discípulo amado, João, viveria para ver a segunda vinda de Jesus. Conforme os discípulos iam morrendo, muitos ficaram agitados com a "óbvia proximidade" da volta de Jesus. Quando João ficou velho e começou a se aproximar da morte, surgiu uma crise de confiança: a morte de João faria Jesus parecer um falso profeta? Afinal, Jesus não disse que João estaria vivo por ocasião da volta de Jesus?  

    Alguns crêem que naquele momento decisivo, quando a igreja enfrentava uma crise, Deus chamou João para deixar o legado de outro evangelho escrito, a fim de corrigir o rumor infundado sobre o tempo da morte de João em relação com a segunda vinda. Seu Evangelho deveria prover o que a geração seguinte de cristãos precisava para sobreviver ao seu transcurso. Seu Evangelho ensinaria a todos nós como ter uma amizade viva com Alguém que você não pode ver, ouvir ou tocar. 
    
 Segunda geração  
 Sob diversos aspectos, o Evangelho de João expressa interesse na segunda geração de cristãos. 

No Quarto Evangelho, geralmente os discípulos não são chamados diretamente por Jesus mas pelo convite de outra pessoa que conhece a Jesus, talvez simbolizando como a maior parte do mundo viria a conhecer Jesus, não pelo contato pessoal com Ele mas pelo testemunho de outros.  

 O que os textos a seguir mostram sobre a idéia de que precisamos ver Jesus pessoalmente para conhecê-Lo? João 1:40-42João 13:20

    Evidentemente, hoje, as pessoas aprendem de Jesus pelo testemunho de outros, que primeiro lhes contam sobre Jesus e, como no primeiro exemplo acima, os "guiam" a Ele. Então, como é importante que nós, professos seguidores de Cristo, escolhidos por Deus para espalhar a verdade aos outros, estejamos preparados para fazer isso.  

    Em João 17, Jesus orou por Si mesmo em primeiro lugar e, então, por Seus discípulos (João 17:1-19). Depois disso, Ele mencionou a segunda geração e as seguintes. Sua oração não foi apenas pelos discípulos mas "por aqueles que vierem a crer em Mim, por intermédio da sua palavra". No decorrer da História, a maioria das pessoas obteve sua relação com Jesus não pelo contato pessoal mas pelos escritos daqueles que tiveram esse contato. Jesus orou para que a Palavra Escrita fosse o meio de unir todos os crentes, os que O tivessem visto e aqueles que não O tivessem (João 17:21-23). 

  Sua palavra é tão boa quanto o Seu toque 

   De acordo com Lucas 4:40, o que Jesus fazia sempre que curava as pessoas? (Veja Mat. 9:29-30Mat. 20:34Mar. 1:29-31). 

  Em contraste com Lucas, como Jesus operava Seus milagres, de acordo com o Evangelho de João? João 4:46-54.

  Jesus tocou as pessoas em aproximadamente metade dos milagres registrados em Mateus, Marcos e Lucas. Em contraste, no Evangelho de João, raramente encontramos Jesus tocando a fim de operar Seus milagres.  

 Por que essa diferença? 

 Talvez o Espírito tenha orientado João a selecionar histórias em que não havia o toque, ou nas quais a distância entre Jesus e as pessoas curadas era enfatizada (em João 4:46-54, Jesus estava a 25 quilômetros das pessoas curadas no momento da cura), a fim de ajudar a destacar que não precisa haver contato físico imediato com Deus para sermos abençoados ou mesmo curados por Ele. Esses relatos, nos quais não existe toque, são coerentes com o tema de João de que a palavra de Jesus é tão boa quanto Seu toque. Essas são boas-novas para aqueles que, como nós, podem ter a certeza de que, embora Jesus não esteja aqui pessoalmente, Ele ainda pode estar perto de nós em todas as nossas provas e tristezas, por mais difíceis que sejam. 

A distância não é problema para Deus, que criou o Universo. A palavra de Jesus é tão poderosa perto quanto à distância. Embora agora esteja ao nosso alcance pela página impressa, a Palavra de Cristo ainda retém o poder de salvar e curar. É por meio de Sua Palavra que Ele ministra às necessidades das gerações posteriores. 

 Muitas vezes temos problemas para saber como manter uma relação viva com Alguém que não podemos ver, ouvir nem tocar. Imaginamos que a fé era mais fácil para os que andaram e falaram com Jesus nos tempos do Novo Testamento. Mas o Evangelho de João nos diz que a palavra de Jesus, como foi oferecida no Evangelho, é tão poderosa quanto Seu toque. Pelo Espírito e pela Palavra, podemos conhecer Jesus mesmo mais intimamente do que os discípulos.


Postado Por Dc. Alair Alcântara


Sem Fronteiras

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