Esse modelo de educação “informal” se estendeu por longos anos em sociedades nômades, seminômades e sedentárias, até o advento das grandes cidades, da escrita, das transformações técnicas, da produção excedente, da comercialização e dos inovadores pensamentos sobre política e democracia.
Numa perspectiva bíblica judaico-cristã, observamos este tipo de educação nos seguintes textos:
“Porque eu o tenho escolhido, a fim de que ele ordene a seus filhos e a sua casa depois dele, para que guardem o caminho do Senhor, para praticarem retidão e justiça; a fim de que o Senhor faça vir sobre Abraão o que a respeito dele tem falado.” (Gn 18.19)
“E acontecerá que, quando vossos filhos vos disserem: Que culto é este? Então direis: Este é o sacrifício da páscoa ao Senhor, que passou as casas dos filhos de Israel no Egito, quando feriu aos egípcios, e livrou as nossas casas. Então o povo inclinou-se, e adorou.” (Êx 12.26-27)
“E naquele mesmo dia farás saber a teu filho, dizendo: Isto é pelo que o Senhor me tem feito, quando eu saí do Egito. E te será por sinal sobre tua mão e por lembrança entre teus olhos, para que a lei do Senhor esteja em tua boca; porquanto com mão forte o Senhor te tirou do Egito.” (Êx 13.8-9)
“E quando teu filho te perguntar no futuro, dizendo: Que é isto? Dir-lhe-ás: O Senhor nos tirou com mão forte do Egito, da casa da servidão.” (Êx 13.14)
“E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração; E as ensinarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te. Também as atarás por sinal na tua mão, e te serão por frontais entre os teus olhos. E as escreverás nos umbrais de tua casa, e nas tuas portas.” (Dt 6.6-9)
“Quando teu filho te perguntar no futuro, dizendo: Que significam os testemunhos, e estatutos e juízos que o Senhor nosso Deus vos ordenou? Então dirás a teu filho: Éramos servos de Faraó no Egito; porém o Senhor, com mão forte, nos tirou do Egito;” (Dt 6.20-21)
“Ponde, pois, estas minhas palavras no vosso coração e na vossa alma, e atai-as por sinal na vossa mão, para que estejam por frontais entre os vossos olhos. E ensinai-as a vossos filhos, falando delas assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te, e levantando-te; E escreve-as nos umbrais de tua casa, e nas tuas portas; Para que se multipliquem os vossos dias e os dias de vossos filhos na terra que o Senhor jurou a vossos pais dar-lhes, como os dias dos céus sobre a terra.” (Dt 11.18-21)
“E falou aos filhos de Israel, dizendo: Quando no futuro vossos filhos perguntarem a seus pais, dizendo: Que significam estas pedras? Fareis saber a vossos filhos, dizendo: Israel passou em seco este Jordão. Porque o Senhor vosso Deus fez secar as águas do Jordão diante de vós, até que passásseis, como o Senhor vosso Deus fez ao Mar Vermelho que fez secar perante nós, até que passássemos.” (Js 4.21-23)
Percebe-se nestes textos do Antigo Testamento, a participação e a importância da família na preservação dos valores espirituais e morais do povo judeu.
A figura dos agentes especialmente destinados para a tarefa de ensinar surge com a instituição do sacerdócio;
“E falou o Senhor a Arão, dizendo: Não bebereis vinho nem bebida forte, nem tu nem teus filhos contigo, quando entrardes na tenda da congregação, para que não morrais; estatuto perpétuo será isso entre as vossas gerações; E para fazer diferença entre o santo e o profano e entre o imundo e o limpo, E para ensinar aos filhos de Israel todos os estatutos que o Senhor lhes tem falado por meio de Moisés.” (Lv 10.8-11)
“Então o rei da Assíria mandou dizer: Levai ali um dos sacerdotes que transportastes de lá para que vá e habite ali, e lhes ensine a lei do deus da terra.” (2 Rs 17.27)
“No terceiro ano do seu reinado enviou ele os seus príncipes, Bene-Hail, Obadias, Zacarias, Netanel e Micaías, para ensinarem nas cidades de Judá; e com eles os levitas Semaías, Netanias, Zebadias, Asael, Semiramote, Jônatas, Adonias, Tobias e Tobadonias e, com estes levitas, os sacerdotes Elisama e Jeorão. E ensinaram em Judá, levando consigo o livro da lei do Senhor; foram por todas as cidades de Judá, ensinando entre o povo.” (2 Cr 17.7-9)
“E disse aos levitas que ensinavam a todo o Israel e estavam consagrados ao Senhor: Ponde a arca sagrada na casa que edificou Salomão, filho de Davi, rei de Israel; não tereis mais esta carga aos ombros; agora servi ao Senhor vosso Deus, e ao seu povo Israel.” (2 Cr 35.3)
Posteriormente, os profetas assumem também essa tarefa;
“Então enviou Saul mensageiros para prenderem a Davi; quando eles viram a congregação de profetas profetizando, e Samuel a presidi-los, o Espírito de Deus veio sobre os mensageiros de Saul, e também eles profetizaram.” (1 Sm 19.20)
“E foram cinqüenta homens dentre os filhos (discípulos) dos profetas, e pararam defronte deles, de longe; e eles dois pararam junto ao Jordão.” (2 Rs 2.7)
“Os filhos dos profetas disseram a Eliseu: Eis que o lugar em que habitamos diante da tua face é estreito demais para nós.” (2 Rs 6.1)
Durante e após o período do cativeiro na Babilônia, surge a figura do escriba, uma classe de mestres especializados, que copiavam, interpretavam e ensinavam a Lei;
“este Esdras subiu de Babilônia. E ele era escriba hábil na lei de Moisés, que o Senhor Deus de Israel tinha dado; e segundo a mão de Senhor seu Deus, que estava sobre ele, o rei lhe deu tudo quanto lhe pedira. [...] Porque Esdras tinha preparado o seu coração para buscar e cumprir a lei do Senhor, e para ensinar em Israel os seus estatutos e as suas ordenanças.” (Ed 7.6, 10)
Apesar do surgimento destes “educadores especializados”, a participação da família na educação dos filhos não foi abandonada. No livro de provérbios, escrito entre 950-700 a.C., encontramos as seguintes exortações;
“Ouvi, filhos, a instrução do pai, e estai atentos para conhecerdes o entendimento. Pois eu vos dou boa doutrina; não abandoneis o meu ensino. Quando eu era filho aos pés de meu, pai, tenro e único em estima diante de minha mãe, ele me ensinava, e me dizia: Retenha o teu coração as minhas palavras; guarda os meus mandamentos, e vive.” (Pv 4.1-4)
“Instrui o menino no caminho em que deve andar, e até quando envelhecer não se desviará dele.” (Pv 22.6)
Como já citamos, com o advento das grandes cidades, da escrita, das transformações técnicas, da produção excedente, da comercialização, dos inovadores pensamentos sobre política e democracia, a educação e a escola ganharam um novo formato. É no período da Grécia clássica que acontece algumas das grandes revoluções pedagógica. A pólis, no intuito de formar os seus cidadãos, criam escolas especializadas para atender as suas demandas. No geral, a criança permanece em casa, com a família, até os sete anos. Após esse período, o Estado assume a sua educação (preparo físico, educação musical, formação cívica e militar, leitura e escrita, gramática, retórica etc.).
Podemos observar, que apesar destas mudanças significativas, de onde surgem as nossas escolas modernas e as teorias pedagógicas, a Bíblia nos relata que a participação da família, em especial na formação dos valores espirituais e morais de seus filhos, ainda permanece;
“trazendo à memória a fé não fingida que há em ti, a qual habitou primeiro em tua avó Loide, e em tua mãe Eunice e estou certo de que também habita em ti.” (2 Tm 1.5)
“Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste, e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido, E que desde a tua meninice sabes as sagradas Escrituras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus.” (2 Tm 3.14-15)
Como anda nos dias atuais a relação entre a escola, com os seus agentes especializados na arte de educar, e a família cristã? Qual o papel da escola e da família na educação e formação integral de seus filhos? A falta de repostas e confusões feitas sobre essas questões acabam por promover sérios problemas e distúrbios em nossa sociedade.
Há um verdadeiro jogo de “empurra”, onde família e escola tentam transferir as responsabilidades da educação. Trocas de acusações tornam-se cada vez mais comuns. A escola culpa a família pelo desinteresse, insubmissão e não-aprendizado do aluno, e a família culpa a escola por tais problemas.
A escola afirma que é lugar apenas da aquisição de saberes diversos, transferindo a responsabilidade da disciplina, formação ética e moral dos alunos para a família. O pior, é que a família cristã, além de não estar envolvida no acompanhamento da aquisição destes saberes oferecidos pela escola, está também negligenciando a sua importância na formação dos valores espirituais, éticos e morais de seus filhos, querendo transferir para a escola (e para a igreja) tais papéis.
Família e escola não podem estar se digladiando, antes, precisam cooperar entre si no processo educativo e formador de cidadãos. Para que isso aconteça, uma integração maior precisa acontecer. A escola precisa assumir o seu papel de cooperadora na formação moral (o papel de formadora espiritual foi infelizmente abolido nesta sociedade pós-cristã e pós-moderna) e conhecer mais a vida familiar de seus alunos, enquanto a família precisa participar mais ativamente e efetivamente na vida escolar de seus filhos, sendo atores coadjuvantes dos professores no processo de aquisição de saberes.
Nenhuma outra instituição social é mais influente na formação do caráter, na educação, na disseminação de valores éticos, morais e espirituais do que a família.
De que maneira a família cristã pode cumprir na atualidade, o seu importante e fundamental papel na educação integral de seus filhos amados?
1. Mantendo, aplicando e ensinando os princípios e orientações bíblicas quanto aos valores éticos, morais e espirituais judaico-cristão;
2. Cooperando com a escola através das seguintes ações, prescritas na Cartilha “ACOMPANHEM A VIDA ESCOLAR DOS SEUS FILHOS”:
-Matriculando seus filhos na educação infantil. Quanto mais cedo eles começarem a estudar, mais sucesso terão em sua vida escolar;
-Incentivando seus filhos a continuar estudando. Mostrando que, quanto mais eles estudarem, terão mais oportunidades profissionais e pessoais;
-Orientando seus filhos a cuidarem do material escolar( livros, cadernos, lápis, etc) e uniforme.
-Visitando a escola de seus filhos sempre que puderem;
-Conversando com os professores;
-Conversando com os seus filhos sobre a escola, os professores, os amigos, as tarefas, os conteúdos;
-Incentivando o hábito de leitura;
-Ensinando-os a dividirem bem o tempo para o lazer e o estudo.
Juntas, a família cristã e a escola serão instrumentos poderosíssimos para a influência e transformação de vidas, nessa caótica e transtornada sociedade pós-cristã e pós moderna.
“A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.” (Art. 205 da Constituição Federal/1988).
Fonte: Altair Germano
Postado Por Dc. Alair Alcântara
Sem Fronteiras
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